Num destes dias, iguais a tantos outros, em que tenho pensado na minha vida com uma frequência superior ao desejável e em que ainda andava meia embrulhada com a reflexão que o Pós-Modernismos me obrigou a fazer e que confesso foi mais interessada do que inicialmente pensei, resolvi ir até à Fnac, em busca de poesia...Poesia da segunda metade do século XX...
Não ausência de alguma coisa que realmente me agradasse resolvi dar uma vista de olhos pela prosa e o meu olhar cruzou-se com o seguinte título "Mulheres que pensam de mais".
Fazia sentido aquele título, era o título certo no momento certo... De facto, nos últimos dias tenho pensado tanto que me interessou o assunto. Sem ler a contracapa, peguei no livro! Chegada a casa, coloquei-o na minha mala do dia seguida para que ele fosse a minha companhia nas viagens solitárias que tenho feito no metro.
Quando o comecei a ler, apercebi que se tratava de uma abordagem psicopatológica do pensamento excessivo, o que me deixou desiludida porque aquilo que procurava era antes uma entendimento positivista das mulheres que derrepente começaram a dedicar algum tempo da sua vida à análise da realidade...Porém, porque desistir de o ler? Era só uma perspectiva diferente de olhar o mesmo fenómeno, resolvi continuar a leitura! Ainda bem que o fiz porque por lá encontrei muita informação que vale a pena ser partilhada. Fiz um resumo que hoje partilho (no final encontraram a referência bibliografica do livro):
O estatuto das mulheres na sociedade mudou consideravelmente nos últimos 50 anos. As mulheres estão adquirir visibilidade nos lugares cimeiros de muitas empresas, a exigir salários iguais aos dos homens. Porém, existe ainda um longo caminho a percorrer. As mulheres ainga ganham 0.75€ por cada € que o homem ganha, sendo que esta diferença é especialmente significativa em salários mais baixos. Apesar das mulheres poderem estar a pedir ajuda aos homens nas tarefas dom´sticas e nos cuidados parentais, mitas vezes não recebem o que precisam. Os estudos mostram que a maioria das mulheres casadas e com emprego ainda se ocupam da maior parte das tarefas domésticas. E apesar de as mulheres aspirarem a profissões mais prestigiadas ou lucrativas, muitas delas sentem que o seus parceiros masculinos não respeitam nem valorizam o trabalho que fazem.
Para além desta conclusão de índole claramente socio-politica, há uma outra análise que o livro faz da caracterização do sexo feminino que me parece igualmente importante referir. Uma das mais consistentes diferenças de personalidade entre homens e mulheres está na forma como se relacionam com outras pessoas. As mulheres tendem a definir-se em termos em função das suas relações - filha de X; mulher do Y. As mulheres conhecem mais pessoas a um nível emocional mais profundo e estamos mais em sintonia com as emoções dos outros do que os homens. Estas redes emocionais profundas proporcionam à mulher uma riqueza maravilhosa e são um suporte importante quando delas precisamos. Infelizmente também nos dão mais pessoas sobre quem reflectir. Na verdade, as mulheres tem mais probalidade de serem afectadas emocionalmente pelos problemas dos outros. Quando um amigo ou familiar está doente,as mulheres têm maior probabilidade de se sentirem tristes ou melancólicas e de se preocuparem com essas pessoas, mais do que os homens.
Inevitavelmente, aquilo que aqui deixo é um resumo de dois dos factores que propiciam um pensamente excessivo na mulher - a sua constante luta pela "igualdade de direitos com o homem" e a sua constante preocupação com o outro. O livro refere muitos mais, que certamente qualquer mulher seria capaz de identificar sem grande esforço, daí sugerir este livro aos homens, talvez deixem de usar o cliché: "É ímpossível entender as mulheres".
P.S. Hoeksema, S (2007). Mulheres que pensam demais. Estrela Polar.
